quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ANA GOMES

Apesar da derrota que ontem sofri nas eleições autárquicas de Sintra, quero afirmar que valeu a pena a campanha do PS que eu tive a honra de encabeçar. Por Sintra e, sobretudo, pelos sintrenses.

Valeu a pena ter trazido à discussão pública o balanço da governação de Sintra, contrariando esforços para o abafar, somados à actual irrelevância de Sintra no contexto político nacional.
Irrelevância perceptível na singularidade de Sintra - o concelho mais populoso do país e o segundo em número de eleitores - não ter sequer merecido aos media a publicação de uma sondagem.
Esforços perpceptíveis no facto de os dois únicos debates televisionados, em cadeias que se regem por “shares” de audiências, terem sido remetidos para canais por cabo (TVI-24 e RTP-N) e espartilhados em menos de uma hora. E, ainda, na circunstância de algumas das raras reportagens de rádio ou televisão feitas sobre a minha campanha no terreno não terem sido emitidas ou terem cortado registos de populares que criticavam a gestão camarária.
E que dizer das denúncias concretas que fizemos sobre procedimentos questionáveis, obras interrompidas com prejuízo para Câmara e munícipes, casos de gestão danosa de dinheiros municipais que não suscitaram qualquer interesse aos media?
Sem falar nas 24 audições públicas organizadas pela nossa candidatura em todas as freguesias do Concelho, desde Julho, que não mereceram a menor cobertura mediática.

Apesar de tudo, valeu a pena alertar para a falta de rumo estratégico na governação de Sintra, contrapondo propostas concretas através do Programa realista, coerente e com visão para o futuro que a candidatura do PS apresentou.

Valeu a pena, ainda, dar expressão aos sintrenses que não se resignam a uma governação autárquica assente na amálgama de projectos diferentes e no expediente da co-responsabilização de todos - e, portanto, na prática, da desresponsabilização de quem efectivamente manda - a pretexto de “abrangência política”.

Valeu a pena ver já, mesmo durante a campanha eleitoral, resultados da pressão socialista na resolução de problemas ou na concretização de promessas há muito por cumprir por parte do Executivo da “Coligação Mais Sintra”: à medida que o nosso site de campanha “Por Sintra. Por Si” dava conta dos contactos que efectuávamos e das queixas que registávamos, os representantes camarários corriam atrás.
Fico-me por três significativos exemplos:
- A 27 de Julho visitamos o Grupo de Teatro Chão d’Oliva e notamos que esperava apoio da Câmara para alargar as suas instalações à moradia contígua à Casa de Teatro de Sintra. Em Setembro, durante a campanha eleitoral, foi anunciada a concretização deste apoio por parte da CM Sintra.
- A 20 de Agosto visitamos a APADP - Associação de Pais e Amigos de Deficientes Profundos, em Agualva - e notamos a queixa de que o SMAS não isentava aquela instituição da taxa de água. Dias depois, a 27 de Agosto, a CMS anunciava entregar à APADP soma equivalente ao pagamento em causa, a título de apoio.
- A 8 de Outubro percorremos a pé a zona de Fitares, Rio de Mouro, registando queixas e interrogações dos moradores sobre o encerramento do complexo de piscinas desde 2008. No jantar final de campanha da “Coligação Mais Sintra”, a 9 de Outubro, foi anunciado que a CMS acabava de adquirir o complexo de Fitares.
Independentemenmte do bem-fundado processual destes gestos apressados, regozija-nos que a visibilidade dada a estes problemas pela candidatura do PS tenha levado a CMS a, finalmente, correr a resolvê-los.

Valeu a pena, ainda, esta campanha eleitoral do PS, porque a partir de agora já nada será como antes, em Sintra.

Os sintrenses e o Executivo camarário podem contar com a oposição leal, construtiva, mas exigente e atenta por parte dos eleitos pelo PS. Uma oposição que estará no terreno a ouvir e a fiscalizar, a pedir contas públicamente e a apresentar propostas alternativas.

Eu e os socialistas eleitos para a vereação camarária de Sintra empenhar-nos-emos em corresponder à confiança e à esperança dos que em nós votaram. Vamos cumprir, com rigor e seriedade, o papel da oposição responsável de que também se faz uma governação realmente democrática.

1 comentário:

  1. Perdemos. Não foi a Dr.ª Ana Gomes que perdeu! Não foi o PS que perdeu as autárquicas em Sintra! Fomos nós... municipes, sintrenses, eleitores, funcionários, todos condenados a mais quatro anos de marasmo.

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